Publicado em 28 out 2025

O diagnóstico clínico da espasticidade

Redação

A espasticidade é um distúrbio do movimento frequente em condições em que há danos nas áreas motoras do sistema nervoso central e se manifesta clinicamente por aumento no tônus muscular, que se torna mais aparente com movimentos de alongamento mais rápidos. Em uma das definições mais recentes, a espasticidade foi descrita como hiperatividade muscular involuntária na presença de paresia central.

O diagnóstico da espasticidade é clínico e envolve uma avaliação detalhada da história clínica e do exame físico do paciente. A graduação da espasticidade pode ser realizada utilizando sistemas de pontuação validados, como a Escala de Ashworth e a Escala de Tardieu.

A escala de Ashworth foi criada na década de 60, e mede a resistência em um músculo, que pode não ser exclusivamente causada pela espasticidade. A Escala de Ashworth Modificada (EAM) é amplamente utilizada, com uma pontuação de 0 a 4, onde: 0: tônus normal; 1: leve aumento do tônus muscular; 2: aumento mais marcado do tônus, mas a mobilização passiva é fácil; 3: considerável aumento do tônus, dificultando o movimento passivo; e 4: segmento rígido em flexão ou extensão.

A escala de Tardieu avalia a resistência do músculo em diferentes velocidades de alongamento e é considerada mais sensível que a Escala de Ashworth. Dessa forma, a espasticidade pode variar de um problema focal a uma condição difusa, afetando diferentes grupos musculares.

As principais causas incluem acidente vascular cerebral (AVC), esclerose múltipla e paralisia cerebral. A identificação de fatores de risco e a detecção precoce do distúrbio são essenciais para um melhor prognóstico e tratamento.

Em situações excepcionais, a confirmação dos grupos musculares espásticos pode ser feita por meio de eletromiografia, eletroestimulação ou ultrassonografia. O diagnóstico preciso da espasticidade é crucial para a definição do plano terapêutico e para a avaliação da resposta ao tratamento, que pode incluir intervenções como fisioterapia, uso de medicamentos como a toxina botulínica e outras abordagens terapêuticas.

De acordo com o MS-PCDT: Espasticidade, a espasticidade pode variar de um problema focal a uma condição difusa (generalizada). Quando focal, afeta um único grupo muscular ou região funcional.

Se grupos musculares adjacentes forem afetados em um ou mais membros, a espasticidade é classificada como segmentar. Por fim, tem-se um quadro de espasticidade generalizada quando mais de dois membros são acometidos.

As principais causas de espasticidade são acidente vascular cerebral (AVC), esclerose múltipla e paralisia cerebral. Danos cerebrais hipóxicos ou traumáticos e danos da medula espinhal são menos frequentes, mas podem levar à espasticidade particularmente grave.

A espasticidade também pode surgir como uma consequência de doenças inflamatórias, infecciosas e tumorais. As regiões mais afetadas são os músculos flexores dos membros superiores (dedos, punho e cotovelo) e os músculos extensores dos membros inferiores (joelho e tornozelo).

Definir a prevalência de espasticidade na população torna-se um desafio pela heterogeneidade com que a condição se apresenta e por ser uma consequência de outras doenças, na maioria das vezes. Dessa forma, a incidência e a prevalência variam de acordo com a condição associada e também com sua gravidade, músculos afetados, tempo de acometimento pela doença, entre outros fatores.

No Brasil, dados epidemiológicos sobre as condições associadas à espasticidade e sua frequência são escassos. No entanto, em média, 15.469 pacientes receberam toxina botulínica tipo A (TBA), no SUS, entre 2017 e 2020, de acordo com os dados da Sala Aberta de Inteligência em Saúde (SABEIS) com dados administrativos para gestão de PCDT de tecnologias providas pelo SUS.

Quando não tratada, a espasticidade leva a um ciclo vicioso, no qual a contração sem oposição dos músculos afetados causa uma postura anormal do membro, com encurtamento do tecido mole e outras alterações biomecânicas nos músculos contraídos - esse quadro dificulta o alongamento muscular e mantém a rigidez. Manifestações clínicas comuns em paciente com espasticidade incluem: dor, espasmos, contratura e deformidade dos membros que, consequentemente, levam a prejuízos na mobilidade, destreza, higiene, autocuidado e sono, fadiga, baixa autoestima, úlceras de pressão e à incapacidade de usar órteses.

Os prejuízos também são associados à participação em atividades sociais e relacionadas ao trabalho e à qualidade de vida. No entanto, é importante destacar que a espasticidade nem sempre é prejudicial, quando se apresenta em combinação com fraqueza muscular, por exemplo, a espasticidade pode ajudar o paciente a manter a postura, ficar em pé ou andar.

Isso deve ser considerado na definição do plano terapêutico, ao mesmo tempo que o profissional precisa estar ciente de que o quadro pode mudar com o passar do tempo, o que exige avaliações regulares e readequação do planejamento de cuidados. A identificação de fatores de risco e do distúrbio em seu estágio inicial e o encaminhamento ágil e adequado para o atendimento especializado dão à atenção primária um caráter essencial para um melhor resultado terapêutico e prognóstico dos casos.

Artigo atualizado em 22/10/2025 10:48.
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