As diretrizes terapêuticas para a fenilcetonúria
Redação
A fenilcetonúria é uma doença genética, autossômica recessiva, causada por mutações bialélicas no gene PAH, o qual codifica a enzima hepática fenilalanina-hidroxilase. A ausência (ou atividade deficiente) dessa enzima impede a conversão de fenilalanina, um dos aminoácidos essenciais e mais comuns do organismo, em tirosina, causando acúmulo de fenilalanina no sangue.

A fenilcetonúria (FNC) é uma doença genética autossômica recessiva, causada por mutações no gene que codifica a enzima fenilalanina-hidroxilase. Essa condição leva ao acúmulo de fenilalanina no sangue, o que pode resultar em danos neurológicos se não for tratado adequadamente.
As diretrizes terapêuticas para a FNC incluem um protocolo clínico que abrange diagnóstico, tratamento e acompanhamento dos pacientes. A triagem neonatal é essencial e deve ser realizada entre 48 horas e o quinto dia de vida. O diagnóstico é confirmado por níveis elevados de fenilalanina no sangue.
A principal abordagem terapêutica é a dieta restrita em fenilalanina, que deve ser iniciada o mais cedo possível, idealmente até o décimo dia de vida. A dieta deve ser mantida por toda a vida. O uso de fórmulas isentas de fenilalanina serve para garantir a ingestão adequada de proteínas e nutrientes.
O uso do dicloridrato de sapropterina é indicado para pacientes com atividade enzimática residual e este medicamento pode aumentar a tolerância à fenilalanina. Os níveis de fenilalanina devem ser monitorados regularmente, com recomendações de monitoramento a cada 15 dias em crianças até 1 ano e mensalmente em adultos.
A manutenção de níveis de fenilalanina entre 2 mg/dL e 6 mg/dL é ideal para prevenir danos neurológicos. O acompanhamento deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar, incluindo médicos e nutricionistas, para garantir a adesão ao tratamento e monitorar o desenvolvimento nutricional e neuropsicológico.
As mulheres com FNC devem ser orientadas sobre a dieta antes e durante a gestação para evitar a síndrome da FNC materna, que pode causar malformações no feto. O MS-PCDT: Fenilcetonúria descreve que a fenilcetonúria (FNC) é uma doença genética, autossômica recessiva, causada por mutações bialélicas no gene PAH, o qual codifica a enzima hepática fenilalanina-hidroxilase (FAH).
A ausência (ou atividade deficiente) dessa enzima impede a conversão de fenilalanina, um dos aminoácidos essenciais e mais comuns do organismo, em tirosina, causando acúmulo de fenilalanina no sangue (hiperfenilalaninemia) e, consequentemente, no líquor. É uma doença metabólica cuja média de prevalência global é estimada em 1:10.000 recém-nascidos (RN).
A incidência varia entre os países e os diferentes grupos étnicos. As maiores taxas são encontradas na Irlanda (1:4.500) e na Turquia (1:2.600), e as menores, na Finlândia, no Japão e na Tailândia (1:200.000, 1:143.000 e 1:212.000 RN, respectivamente). Segundo estudo de 2005 incluindo informações referentes aos serviços de referência em triagem neonatal dos 27 estados brasileiros, foi encontrada uma incidência de 1:25.326 RN.
Segundo o Ministério da Saúde (MS), 94 novos casos de FNC foram diagnosticados em 2016, o que corresponde a uma incidência de 1:30.402 RN, considerando que houve 2.857.800 nascimentos no Brasil naquele ano. Desde a descoberta desse transtorno metabólico, houve enorme progresso em relação a seu diagnóstico precoce, tratamento e seguimento.
Mais de mil mutações já foram identificadas no gene PAH, o que corresponde a uma gama de fenótipos e, portanto, a uma grande variedade de manifestações clínicas e espectro de gravidade. Assim, níveis variados e crescentes de fenilalanina podem ocorrer, sendo o excesso neurotóxico e levando a defeitos no desenvolvimento neuromotor e neurocognitivo.
A deficiência intelectual é irreversível se a FNC não for diagnosticada e tratada em idade precoce. A FNC é o mais frequente erro inato do metabolismo dos aminoácidos. O alto nível sanguíneo de fenilalanina leva à excreção urinária aumentada desta e de seus metabólitos, as fenilcetonas – fenilacetato e fenilactato.
Enquanto os níveis de fenilalanina estão aumentados, os de tirosina são praticamente normais ou baixos. O cofator tetrahidrobiopterina (BH4) é necessário para a atividade da FAH, e defeitos no seu metabolismo são responsáveis por aproximadamente 2% dos casos de hiperfenilalaninemia, definida pelo valor sanguíneo de fenilalanina maior que 2 mg/dL.
Mutações no gene DNAJC12 também foram associadas, recentemente, à ocorrência de hiperfenilalaninemia. Os indivíduos com FNC apresentam níveis plasmáticos de fenilalanina persistentemente superiores a 2 - 4 mg/dL sem tratamento.
Existem várias formas de classificação da FNC. Os critérios geralmente incluem as concentrações plasmáticas da fenilalanina no diagnóstico (paciente ainda sem tratamento), na tolerância à fenilalanina e no grau de deficiência da FAH.