Os critérios clínicos de insuficiência cardíaca congestiva
Redação
A insuficiência cardíaca congestiva (ICC) é uma síndrome de diagnóstico clínico que se baseia em sinais e sintomas sugestivos, alterações estruturais ou funcionais do coração, evidência de congestão sistêmica ou pulmonar, e níveis elevados de peptídeos natriuréticos.

A insuficiência cardíaca congestiva (ICC) é uma síndrome de diagnóstico clínico que se baseia em sinais e sintomas sugestivos, alterações estruturais ou funcionais do coração, evidência de congestão sistêmica ou pulmonar, e níveis elevados de peptídeos natriuréticos. O diagnóstico pode ser estabelecido rapidamente através de anamnese e exame físico, complementado por exames como eletrocardiograma e radiografia de tórax. Em casos de dúvida, a mensuração de peptídeos natriuréticos pode ser útil.
Os critérios diagnósticos mais utilizados incluem os critérios de Boston e Framingham, que ajudam a classificar a probabilidade clínica de insuficiência cardíaca e guiar a escolha de exames complementares. Os sintomas e sinais mais comuns incluem: a dispneia em repouso; ortopneia; dispneia paroxística noturna; edema de tornozelos bilateral; turgência venosa jugular; e terceira bulha (ritmo de galope)
Para o diagnóstico, o paciente deve apresentar pelo menos dois critérios maiores ou um critério maior e dois critérios menores, conforme os critérios de Framingham. A classificação funcional da New York Heart Association (NYHA) é utilizada para categorizar a gravidade da insuficiência cardíaca, variando de I (sem limitações) a IV (sintomas em repouso).
Conforme o MS-PCDT: Insuficiência Cardíaca com Fração de Ejeção Reduzida de 2025 a insuficiência cardíaca (IC) é a via final de muitas doenças que afetam o coração, o que explica a sua crescente prevalência. A atenção aos pacientes com IC é um desafio pelo caráter progressivo da doença, a limitação da qualidade de vida e a alta mortalidade. Recentemente, o número de pessoas vivendo com IC no mundo foi estimado em 23 milhões. Uma em cada cinco pessoas tem chance de desenvolver a síndrome ao longo da vida.
Entre os anos de 1998 e 2019, foram registrados no Brasil 567.789 óbitos por IC em adultos com idade acima de 50 anos, o que corresponde à taxa média de 75,5 a cada 100 mil habitantes. No período de 2004 a 2014, foram registradas 301.136 mortes decorrentes de IC em hospitais públicos brasileiros.
A IC também é a principal causa de re-hospitalização no Brasil, com elevada mortalidade em 5 anos, respondendo por cerca de 5% do orçamento destinado aos gastos com saúde. Ela resulta em alterações hemodinâmicas como redução do débito cardíaco e elevação da pressão arterial pulmonar e venosa sistêmica.
A suspeita diagnóstica é baseada principalmente em dados de anamnese e exame físico; os principais sinais e sintomas incluem dispneia, ortopneia, edema de membros inferiores e fadiga. Alterações eletrocardiográficas e na radiografia de tórax são comuns. De acordo com a apresentação clínica, exames complementares, como dosagem sérica de peptídeos natriuréticos de tipo B e ecocardiografia transtorácica, são bastante úteis na definição diagnóstica.
A necessidade de um modelo de acompanhamento longitudinal e multidisciplinar coloca a atenção primária à saúde (APS) como agente central do atendimento de pacientes com IC. No entanto, a complexidade e a falta de familiaridade com o tratamento da doença podem motivar o encaminhamento de muitos dos pacientes para serviços especializados.
Esses encaminhamentos devem ser evitados, uma vez que a APS possui condições de proporcionar adequada assistência à maioria dos pacientes com IC. É importante salientar que, por meio do SUS, estão disponíveis medicamentos que possuem impacto positivo na sobrevida dos pacientes com IC, como inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA), betabloqueadores, antagonistas da aldosterona, dapagliflozina e sacubitril valsartana.
Adicionalmente, há medidas não medicamentosas, relacionadas à dieta e prática de atividade física, que devem ser estimuladas nessa população e consistem em componente terapêutico relevante. Assim, este documento visa a estabelecer os critérios diagnósticos e terapêuticos da IC de qualquer etiologia, em sua apresentação crônica estável, e com fração de ejeção ventricular esquerda reduzida, os quais representam a maioria dos pacientes com IC e cujas condutas são melhor estabelecidas.
O documento também visa orientar os profissionais da saúde, em especial aqueles que atuam na APS, em relação a aspectos relacionados à classificação, ao acompanhamento e ao encaminhamento a serviços especializados para atendimento dos doentes. Dessa forma, intervenções no atendimento hospitalar, como terapia de ressincronização cardíaca, não fazem parte do escopo desse protocolo.