As diretrizes clínicas das ictioses hereditárias
Redação
As ictioses hereditárias são doenças genéticas caracterizadas por alterações na queratinização da pele, resultando em descamação e espessamento cutâneo. São doenças genéticas causadas pela presença de variantes patogênicas em diversos genes envolvidos no processo de queratinização ou corneificação da epiderme.

As ictioses hereditárias são doenças genéticas caracterizadas por alterações na queratinização da pele, resultando em descamação e espessamento cutâneo. Elas podem ser classificadas em dois grupos principais: não sindrômicas e sindrômicas.
No MS-PCDT: Ictioses Hereditárias de 2025 revela-se que elas são doenças genéticas causadas pela presença de variantes patogênicas em diversos genes envolvidos no processo de queratinização ou corneificação da epiderme. Este processo corresponde à diferenciação das células da epiderme a partir da camada mais profunda, denominada camada basal, até a camada mais externa, formada por células córneas ou lamelares.
As ictioses adquiridas, por sua vez, são aquelas secundárias a neoplasias e a doenças autoimunes, inflamatórias e infecciosas, entre outras. A classificação das diferentes formas de ictiose é feita de acordo com o quadro clínico do indivíduo. Existem, atualmente, 36 tipos de ictioses, as quais podem ser divididas em subgrupos, de acordo com a presença de manifestações extracutâneas, a frequência da doença e o padrão de herança.
O exame histopatológico e a avaliação do modo de herança e da variante gênica podem ser necessários para um diagnóstico preciso. As ictioses hereditárias e adquiridas não são doenças infectocontagiosas. Em geral, as formas com acometimento exclusivo da pele são chamadas Ictioses não sindrômicas. Quando o estado ictiosiforme se associa a malformações e manifestações em outros órgãos, são chamadas de Ictioses sindrômicas.
Quando presentes desde o nascimento, são chamadas ictioses congênitas (ictiose lamelar e Ictiose arlequim, entre outras). Em outros casos, a doença pode se desenvolver durante a infância (ictiose vulgar e ictiose queratinopática, entre outras). Em ambas as situações, a condição persiste durante toda a vida, o que pode representar enorme impacto na qualidade de vida dos indivíduos.
As ictioses hereditárias apresentam grande variabilidade clínica, com diferentes frequências na população. A ictiose vulgar é a forma mais comum, com uma incidência de até 1:100. Já a ictiose ligada ao cromossomo X tem frequência estimada de 1:2.000 – 4.000. As demais variantes, em geral, são raras, com uma incidência estimada de 1:100.000 – 500.000, como é o caso das Ictioses congênitas autossômicas recessivas (1:100.000) 3,8
Além dos impactos funcionais (dificuldade de regulação térmica, perdas calóricas e alterações de mobilidade, entre outras), há aspectos emocionais e sociais associados à doença. Existem relatos de que crianças com Ictioses Hereditárias podem ser vítimas de discriminação e bullying, resultando-lhes em prejuízos adicionais à interação social.
Quando adultos, os pacientes podem manter dificuldade de relacionamento com vizinhos, colegas ou até mesmo parentes. Por vezes, ter o diagnóstico da doença pode afetar diretamente algumas decisões relacionadas a questões ocupacionais ou pessoais, como ter ou não filhos. O indivíduo com ictiose deve ser orientado, estimulado e apoiado na participação em atividades sociais.
Embora as ictioses hereditárias sejam raras em sua maioria, o impacto negativo em diferentes aspectos da qualidade vida de pacientes e de suas famílias as tornam um grave problema de saúde. Ademais, a heterogeneidade clínica pode resultar em dificuldade de diagnóstico preciso e tratamento adequado. A identificação de fatores de risco e da doença em seu estágio inicial e o encaminhamento ágil e adequado para o atendimento especializado dão à Atenção Primária um caráter essencial para um melhor resultado terapêutico e prognóstico dos casos.
O diagnóstico é baseado em: avaliação clínica com a observação das características cutâneas; histopatologia com o exame da pele para identificar alterações específicas e testes genéticos para confirmar a mutação associada. As ictioses hereditárias são doenças raras, mas com um impacto significativo na vida dos afetados. O manejo adequado, com uma abordagem multidisciplinar, é essencial para melhorar os resultados clínicos e a qualidade de vida dos pacientes.