A patologia neurodegenerativa progressiva do mal de Alzheimer
Redação
A demência é uma condição caracterizada pelo comprometimento de diversos domínios cognitivos, como memória, julgamento, desorientação e confusão, resultando em um declínio funcional significativo do indivíduo. Estes comprometimentos têm implicações diretas na qualidade de vida da pessoa que vive com demência, aumentando o ônus para famílias e a sociedade em geral.

A doença de Alzheimer (DA) é a forma mais comum de demência, caracterizada pela perda progressiva de memória, raciocínio e habilidades comportamentais. A causa exata da DA ainda não é completamente compreendida, mas alterações no cérebro, como a formação de placas neuríticas e emaranhados neurofibrilares, estão associadas à doença.
Os fatores de risco incluem a idade avançada, histórico familiar, certos genes relacionados à DA, fatores adicionais como ser do sexo feminino, problemas cardiovasculares, histórico de trauma craniano, entre outros.
Os sintomas aparecem antes dos 60 anos, menos comum e tende a progredir rapidamente. A forma mais comum ocorre em pessoas com 60 anos ou mais.
Os sintomas incluem as dificuldades com a memória, especialmente em recordar informações recentes, alterações de comportamento e personalidade, problemas de linguagem e comunicação, dificuldades em realizar tarefas cotidianas, e mudanças de humor e comportamento, como agitação e apatia. O diagnóstico é feito com base em avaliação clínica e história médica, testes de função mental e neuropsicológicos, e exames de imagem, como tomografia ou ressonância magnética, para descartar outras causas de demência.
Não há cura para a DA, mas o tratamento visa atrasar a progressão da doença, gerenciar os sintomas comportamentais e cognitivos, e melhorar a qualidade de vida do paciente e dos cuidadores. Medicamentos como donepezila e memantina são frequentemente utilizados para ajudar a controlar os sintomas.
A expectativa de vida após o diagnóstico pode variar de 3 a 20 anos, dependendo da idade e da saúde geral do paciente. A morte geralmente ocorre devido a complicações como infecções ou falência de órgãos.
Embora não haja uma maneira comprovada de prevenir a DA, algumas medidas podem ajudar a reduzir o risco, como manter uma dieta saudável, exercitar-se regularmente e manter-se mentalmente ativo. O MS-PCDT: Doença de Alzheimer garante que, atualmente, aproximadamente 50 milhões de pessoas em todo o mundo vivem com demência, sendo registrados cerca de 10 milhões de novos casos a cada ano.
Estima-se que a incidência de demência aumenta com a idade, duplicando a cada cinco anos. Entre 1990 e 2018, estudos populacionais realizados na Ásia, Europa, América do Norte, África e América do Sul, indicam que 80 em cada 10.000 pessoas entre 50 e 59 anos viviam com demência, esse número aumenta para 3.572 em cada 10.000 entre aqueles com 90 a 99 anos.
De acordo com o Ministério da Saúde, a prevalência média de demência na população brasileira com 60 anos ou mais correspondeu a 8,5% em 2019, sendo 9,1% entre as mulheres e 7,7% entre os homens. A doença de Alzheimer (DA) é a principal causa de demência, abrangendo até 70% dos casos mundiais e cerca de 60% desses casos no Brasil.
O desenvolvimento e a progressão da DA ocorre devido a alterações cerebrais que resultam em um declínio cognitivo progressivo, que, nas fases iniciais pode ser sutil, e à medida que evolui, os sintomas tornam-se mais evidentes comprometendo a capacidade do indivíduo de realizar atividades diárias. O desenvolvimento da DA pode ser descrito como um continuum, composto por três estágios principais: pré-clínica, comprometimento cognitivo leve (CCL) e demência.
Nos estágios iniciais, fases pré-clínica e CCL, os sintomas podem não ser tão perceptíveis e não interferir nas atividades diárias. Já a fase de demência é categorizada em leve, moderada e grave.
Na fase leve, os indivíduos, apesar dos comprometimentos iniciais associados a memória, linguagem e função executiva, mantêm certa independência; na fase moderada, enfrentam desafios crescentes de memória, linguagem, reconhecimento e orientação; e na fase grave, tornam-se aparentes sintomas como julgamento comprometido, desorientação, confusão, agressão e agitação, bem como outras complicações, implicando na necessidade de cuidados constantes. O período que um indivíduo passa em cada fase varia e é influenciado por fatores como idade, genética, sexo biológico, entre outros.
As alterações cerebrais relacionadas ao desenvolvimento e à progressão da DA consistem no acúmulo de peptídeo ß-amiloide em placas externas aos neurônios e na fosforilação anormal de proteína tau, com posterior agregação intraneuronal. Estas alterações interferem na comunicação neuronal e no metabolismo celular, desencadeando uma resposta inflamatória crônica e resultando em atrofia cerebral.
Esta série de eventos biológicos precede o declínio cognitivo observado em pacientes com DA. Os fatores de risco mais importantes para DA são idade avançada, genética (relacionada ao gene da apolipoproteína E - APOE) e histórico familiar de DA.
No entanto, é fundamental destacar a relevância dos fatores de risco modificáveis, como baixa escolaridade, perda auditiva, colesterol LDL alto, depressão, traumatismo craniano, sedentarismo, diabetes, tabagismo, hipertensão, obesidade, consumo excessivo de álcool, isolamento social, poluição do ar e perda visual. Esses fatores contribuem para o risco de desenvolvimento da DA, mas também oferecem oportunidades para prevenção e intervenção. contexto do Brasil estima-se que cerca de 60% dos casos poderiam ser evitados ou postergados por meio da redução ou controle desses fatores de risco.
Devido à importância da sua prevenção, diagnóstico e tratamento no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), este protocolo visa a estabelecer os critérios diagnósticos e terapêuticos da DA, contribuindo para a definição correta, terapia específica e redução da morbidade e mortalidade a ela relacionada. A identificação de fatores de risco e da doença em seu estágio inicial e o encaminhamento ágil e adequado para o atendimento especializado dão à atenção primária à saúde um caráter essencial para um melhor resultado terapêutico e prognóstico dos casos.