Os parâmetros para o diagnóstico da hiperplasia adrenal congênita
Redação
A hiperplasia adrenal congênita engloba um conjunto de síndromes transmitidas de forma autossômica recessiva que se caracterizam por diferentes deficiências enzimáticas na síntese dos esteroides adrenais. A sua incidência é variável entre diferentes populações, com incidências da forma perdedora de sal variando de 1:280 a 1:42.000 nascidos-vivos.

A hiperplasia adrenal congênita (HAC) é um grupo de distúrbios endócrinos que resultam de deficiências enzimáticas na síntese de hormônios adrenais, levando a um acúmulo de precursores hormonais e a uma produção inadequada de cortisol e aldosterona. O diagnóstico da HAC é crucial e envolve uma combinação de avaliação clínica e testes laboratoriais.
Para o diagnóstico na avaliação clínica, os recém-nascidos do sexo feminino, há suspeita de HAC clássica pela presença de virilização da genitália externa. Em recém-nascidos do sexo masculino, o diagnóstico depende do grau de deficiência mineralocorticóide, apresentando-se com desidratação, hipotensão, taquicardia, vômitos, perda de peso, hiponatremia e hipercalemia nos primeiros dias de vida.
O teste do pezinho é utilizado para rastreamento neonatal. Valores de 17-OH-progesterona >100 ng/mL (basal ou após estímulo com 250 mcg de ACTH) confirmam o diagnóstico de HAC clássica. Valores de referência: para neonatos, valores <10 ng/mL excluem HAC, enquanto valores >35 ng/mL são indicativos. Resultados >100 ng/mL são típicos na forma clássica.
No teste de estímulo com ACTH, se os resultados forem indeterminados, um teste de estímulo pode ser realizado para confirmar a deficiência. O monitoramento regular dos níveis de 17-OH-progesterona, sódio, potássio e renina serve para ajustar o tratamento e prevenir complicações.
O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para prevenir complicações graves, como crises adrenais. O acompanhamento contínuo é necessário para ajustar a terapia e monitorar o crescimento e desenvolvimento dos pacientes.
O MS-PCDT: Hiperplasia adrenal congênita explica que a denominação hiperplasia adrenal congênita (HAC) engloba um conjunto de síndromes transmitidas de forma autossômica recessiva que se caracterizam por diferentes deficiências enzimáticas na síntese dos esteróides adrenais. A incidência de HAC é variável entre diferentes populações, com incidências da forma perdedora de sal variando de 1:280 (3) a 1:42.000 nascidos-vivos (4).
No Brasil, a incidência da HAC forma perdedora de sal parece ser de aproximadamente 1:7.500 (5) a 1:10.000 nascidos-vivos (6). As deficiências enzimáticas mais comuns na HAC são: 21-
hidroxilase (CYP21A2), que responde por cerca de 95% dos casos (2); e 11-beta-hidroxilase (CYP11B1), encontrada em aproximadamente 5% dos casos. Tanto a 21-hidroxilase como a 11-beta-hidroxilase, estão envolvidas na rota de síntese do cortisol e da aldosterona.
Casos muito raros de HAC por deficiência nas enzimas 20,22-desmolase (CYP11A1), 17-alfa-hidroxilase (CYP17), 3-beta-hidroxisreróide-desidrogenase (HSD3B2), aldosterona sintase (CYP11B2) e hiperplasia lipóide (StAR) podem ocorrer. As manifestações clínicas das HAC dependem da enzima envolvida, e do grau de deficiência enzimática (total ou parcial).
A apresentação clínica pode ocorrer por insuficiência glicocorticóide (deficiência na síntese de cortisol), insuficiência mineralocorticóide (deficiência na síntese da aldosterona) ou do excesso de andrógenos (desvio da rota de síntese hormonal, com aumento de síntese dos precursores androgênicos). Em casos de HAC por deficiência das enzimas 11-beta-hidroxilase e 17-alfa-hidroxilase, o acúmulo dos precursores pregnenolona e progesterona pode ocasionar desvio na rota, e aumento na síntese do mineralocorticóide desoxicorticosterona, com conseqüente hipertensão e hipocalemia.
As síndromes clínicas mais freqüentes da HAC podem ser divididas em três formas: clássica perdedora de sal que se constitui a forma mais comum de HAC clássica (60% dos casos). Nos recém nascidos do sexo feminino há virilização da genitália externa (aumento de clitóris, fusão labial e formação de seio urogenital), decorrente do excesso de andrógenos durante a vida intra-uterina.
Nos recém nascidos do sexo masculino e nos do sexo feminino nos quais a virilização da genitália externa não foi identificada, como há deficiência mineralocorticóide, a apresentação é nos primeiros dias de vida com crise adrenal: depleção de volume, desidratação, hipotensão, hiponatremia e hipercalemia. Na forma clássica não perdedora de sal (virilizante simples), nos recém nascidos do sexo feminino há virilização da genitália externa.
Como nesta forma não há deficiência mineralocorticóide com repercussão clínica, os recém nascidos do sexo masculino são frequentemente identificados em idade tardia por sinais de hiperandrogenismo: velocidade de crescimento aumentada, maturação óssea acelerada, ou pubarca precoce.