Quando o médico não especialista precisa conversar sobre saúde mental
Redação
O subdiagnóstico dos transtornos psiquiátricos em serviços não especializados constitui fenômeno amplamente documentado na literatura médica, resultando em considerável atraso diagnóstico. O mesmo estudo evidenciou que 45% dos pacientes convivem com sintomatologia por dois anos ou mais antes de receberem o diagnóstico correto, sendo muitos inicialmente tratados de forma inadequada.

Fernando Fernandes –
O Brasil ocupa posição preocupante entre os países com maior prevalência de transtornos ansiosos e depressivos mundialmente, conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) (1). Estima-se que mais de 18 milhões de brasileiros convivam com transtornos de ansiedade, um número crescente que posiciona esta questão como um dos principais desafios de saúde pública nacional (1).
Paradoxalmente, a disponibilidade de profissionais especializados permanece significativamente limitada: apenas 6,6 psiquiatras para cada 100 mil habitantes (2), proporção manifestamente insuficiente diante da elevada prevalência dessas condições na população. Um estudo longitudinal conduzido através do banco de dados de provedores e operadoras de saúde no Brasil, que acompanhou pacientes com diagnóstico de ansiedade durante quatro anos, demonstrou que a psiquiatria raramente constitui a primeira especialidade médica procurada por esses indivíduos.
Os dados revelaram que estes pacientes buscaram inicialmente atendimento em diversas especialidades médicas, com destaque para cardiologia, ginecologia, oftalmologia, ortopedi...